Updates, Live

Wednesday, March 02, 2016

Mestre, são plácidas (Pessoa - como Ricardo Reis - rendido em francês - em seguida, em romeno por Dan Caragea)

(source: YouTube)
no copyright infringement intended


Para compreender Ricardo Reis há que compreender a face mais rígida de Pessoa, a sua face helenista, de cultor do classicismo. Porque Reis é sobretudo isso - rigor, forma, disciplina.


Mestre, são plácidas
Todas as horas
Que nós perdemos.
Se no perdê-las,
Qual numa jarra,
Nós pomos flores.

Não há tristezas
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios incautos,
Não a viver,

Mas decorrê-la,
Tranquilos, plácidos,
Tendo as crianças
Por nossas mestras,
E os olhos cheios
De Natureza…

A beira-rio,
A beira-estrada,
Conforme calha,
Sempre no mesmo
Leve descanso
De estar vivendo.

O tempo passa,
Não nos diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos, quase
Maliciosos,
Sentir-nos ir.

Não vale a pena
Fazer um gesto.
Não se resiste
Ao deus atroz
Que os próprios filhos
Devora sempre.

Colhamos flores.
Molhemos leves
As nossas mãos
Nos rios calmos,
Para aprendermos
Calma também.

Girassóis sempre
Fitando o Sol,
Da vida iremos
Tranquilos, tendo
Nem o remorso
De ter vivido.


O sentido de relação entre o nós e o Tempo está simbolizado na referência à figura mitológica de Cronos, o deus que devora os filhos; o Tempo é assim definido como o pai, e simultaneamente o devorador, o aniquilador de nós; a consciência do caráter inelutável desse factor exige a aprendizagem da sua total aceitação por parte do nós, de modo a saber conformar-se às leis do tempo
(source: slideshare)






Maître, placides sont
Toutes les heures
Que nous perdons,
Si dans la perte,
Ainsi que dans un vase
Des fleurs nous disposons.

Pas plus de joies
Que de tristesses
Dans notre vie;
Lors donc, sachons,
Sages insoucieux,
Non pas de vivre,

Mais son cours suivre,
Tranquilles et placides,
Tenant les enfants
Pour nos maîtres,
Et les yeux gorgés
De nature…

Au bord d’un fleuve,
En bord de route,
Au gré des aléas,
Sans cesse dans le même
Repos léger
De nous trouver en vie.

Passe le temps,
Ne nous dit rien.
Nous  vieillissons.
Sachons, quasi
Malicieux, nous
Sentir partir.

À rien  ne sert
De faire un  geste.
Nul ne résiste
Au dieu atroce
Qui ses enfants
Sans trêve dévore.

Cueillons des fleurs
Mouillons lestes et souples
Nos mains à l’eau
Des rivières paisibles,
Afin d’entrer en
Paix à leur exemple.

Tournesols sans cesse
Rivés au soleil,
Nous quittons la vie
Tranquilles, forts
De nul remords,
Fût-il d’avoir vécu.
(source: Live and Think)


(source: Época São Paulo)
no copyright infringement intended



Maestre, placide-s
Orele toate
Ce le tot pierdem,
Dacă-n a pierde,
Ca într-o glastră,
Noi punem flori.

Nu sunt tristeți
Nici bucurii
În viața noastră.
Așa vom ști,
Nesocotiți,
Nu s-o trăim,

Ci s-o-nvățăm,
Calmi și placizi
Având copiii
Maeștri buni
Și ochii mari,
Plini de natură…

Pe mal de râu,
Pe lângă drum,
Cum se întâmplă,
Mereu același
Ușor popas
De a trăi.

Iar timpul trece,
Nimic nu spune.
Îmbătrânim.
Să știm aproape
Cu răutate
Că viața curge.

Nu are rost
Să faci vreun gest.
Piept nu poți ține
Zeului rău
Ce propriii fii
Și-i tot devoră.

Flori să culegem
Să înmuiem
Ușoare mâini
În râuri calme,
Să învățăm
Calmul și noi.

Flori rotitoare,
Privind spre soare,
Din viață duși
Cu suflet lin,
Fără căința
De-a fi trăit.



(Fernando Pessoa)

(Dan Caragea)

Labels: ,

0 Comments:

Post a Comment

<< Home